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segunda-feira, 14 de abril de 2014

O que o Brasil faz que serve de exemplo para o resto do mundo não fazer- Parte 1

Em matéria de gestão administrativa e gestão pública, o Brasil, mais precisamente o governo brasileiro, é referência mundial e o resto do mundo tem muito que aprender com nosso país sobre o que  não  se deve fazer na administração pública. Em todos os setores e em todos os serviços públicos do país, nesses últimos 10 anos o governo do Brasil não fez o que deveria fazer e o pouco que fez foi aplicado em obras e serviços que, para obter êxito, estavam atrelados a investimentos de base e, uma vez que a base não foi feita, recursos foram desperdiçados. Nossa sorte  é que os BRICS também não são lá grande coisa, do contrário os erros do governo do Brasil ficariam bem mais evidentes ante o resto do mundo.  É como se um construtor, iniciasse a construção de uma casa pelo telhado, não há como fazer isso, entretanto os “arquitetos” da gestão pública gastaram bilhões em algo sem base.
As medidas tomadas pelo Ministério da Educação ressaltam bem isso.  Nos últimos 30 anos, a qualidade de ensino no Brasil vem caindo drasticamente. Enquanto no início dos anos 80, os gestores em educação se preocupavam com as crianças na 2ª série do primário que não sabiam ler e escrever direito. Hoje, tal problema expandiu a ponto de termos crianças no 5º ano do ensino fundamental com o mesmo problema. Não obstante a isso, para mascarar a baixa qualidade de ensino o governo cria mecanismos como a lei de progressão automática que vai “ levando” o aluno ano a ano e, ao concluir o ensino médio, o aluno formado não sabe elaborar uma simples redação e é um verdadeiro desastre em cálculos envolvendo raciocínio lógico. Deste modo, como é possível um aluno que recebeu baixa qualidade de ensino no ensino fundamental e ensino médio entrar em uma universidade e tornar-se um profissional competente?  Definitivamente isso não é possível, mas o governo acha que sim.
Investir em educação de base é uma solução de longo prazo para melhorar a educação no Brasil. Se o governo investisse pesado,  hoje( eu digo agora, já) ,  na melhoria da qualidade de ensino do 1º ao 9º ano do ensino fundamental, daqui 4 anos  expandisse os investimentos para o ensino médio e nos 4 anos seguintes chegasse ao ensino superior. Em uma década a qualidade de ensino no país aumentaria em um mínimo de 60% e se tais investimentos permanecessem de forma continuada, em 2034 o Brasil seria referência mundial em educação.
Longo prazo é tempo demais para o governo e, assim sendo, o governo adota medidas paliativas que dão a impressão de resolver o problema quando que na verdade apenas mascaram os fatos. O  PROUNI,  o PRONATEC e as Universidades Federais são os carros-chefes dos investimentos em educação por parte do governo federal e de fato, são muito legais, entretanto, isso nos remete ao que mencionei em meu primeiro parágrafo – “ começar a construir uma casa pelo telhado”. Os alunos das escolas públicas por não terem uma base sólida de ensino sólida, não conseguem acompanhar um curso universitário  e em pouco tempo, desistem.
Outra medida paliativa do governo que fica muito bonita na propaganda, mas que não possui nenhuma função prática é o chamando “ Ensino Médio Inovador ou Integral. Essa modalidade de ensino foi implementada na Islândia nos anos 80 e foi responsável direta em colocar os islandeses como referência em educação pública. As escolas públicas islandesas possuem estrutura pedagógica muito além do que as melhores escolas particulares do Brasil oferecem.
O aluno islandês passa o dia inteiro na escola e além das aulas tradicionais, há diversas atividades desenvolvidas cujo foco principal é ajudar o aluno a descobrir e desenvolver suas próprias aptidões.  Teatro, música, artes, ciências, culinária, esportes, enfim, nas escolas públicas islandesas, há uma gama de opções pedagógicas disponíveis aos alunos de tal modo que  aprender é algo prazeroso e a escola é de fato a segunda casa do aluno. E no Brasil, como o ensino médio integral funciona?
Como já disse anteriormente,  o governo não faz nada que possa lhe dar frutos ( leia-se votos) a longo prazo. Para implantar o ensino médio integral no Brasil e obter os mesmos resultados da Islândia ( a Islândia levou 20 anos para conseguir colher os bons frutos da educação)  antes, o governo do Brasil teria que praticamente demolir quase todas as escolas públicas existentes no Brasil e construir outras que comportassem a estrutura que essa modalidade de ensino exige e por não ser possível fazer isso do dia para a noite, o que o governo fez foi simplesmente pular essa parte e resolver o problema com uma simples canetada no papel e o resultado não poderia ser outro: o Ensino Médio Integral no Brasil se resume a manter os alunos dentro de escolas sem nenhuma estrutura.  Eles passam praticamente o dia todo dentro de salas de aula ou zanzando pelos corredores da escola de modo que, para eles, ao contrário de seus contemporâneos islandeses, ir à escola é um martírio, é chato e isso está aumentando o número de alunos que desistem de concluir o ensino médio. Muitos alunos ou procuram escolas que ainda não foram “ contempladas” pelo ensino médio integral ou esperam atingir a idade legal para frequentar o EJA ( Ensino para Jovens e Adultos).

Se for pra fazer mal feito, então nem faça!

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